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2012 - Livro Vermelho 2013

Limnocharis laforesti Griseb. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 06-08-2012

Criterio:

Avaliador: Eduardo Pinheiro Fernandez

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Limnocharis laforesti não é endêmica do Brasil. Aqui, ocorre amplamente distribuída em ambientes úmidos e alagados, nos Estados do Amapá, Pará, Acre, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foi registrada em diversas fitofisionomias ao longo dos domínios fitogeográficos Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pantanal. Por sua ampla distribuição, em diversas tipologias de vegetação ao longo de quatro grandes domínios fitogeográficos brasileiros, L. laforesti foi considerada como "Menos Preocupante" (LC) em relação ao seu risco de extinção.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Limnocharis laforesti Duchass. ex Griseb.;

Família: Alismataceae

Sinônimos:

  • > Limnocharis flava var. minor ;
  • > Limnocharis laforestii ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Bonplandia 6(1): 11. 1858. L. laforesti pode ser confundida com L. flava, sendo distinta pelo escapo sempre menor que o pecíolo e a freqüente ausência de estaminódios (quando presentes em número menor que 10) (Matias; Souza, 2011). Nomes populares: "gol" e "camalote" (Sakuragui; Lopes, 2012).

Distribuição

Ocorre na América do Sul e Central (Matias; Souza, 2011); nos Brasil ocorre nos Estados do Amapá, Pará, Acre, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Sakuragui; Lopes, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas, de 23-28 cm de altura, glabras (Matias; Souza, 2011).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O modelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumento significativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno de natureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação e uso dos recursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escala de funções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado às políticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longo das estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina, exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agricultura mecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento das atividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legal brasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no período de 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessa região, superada somente pela marca histórica de 29.059 km² desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileiro criou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontar soluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de 25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem na Caatinga. A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuem ainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como a agricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Os bovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI e rapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagem intensiva. O número estimado de cabeças desses animais, atualmente, é de mais de 10 milhões e já são reconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e, principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início da colonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foram convertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foram largamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando o regime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e até mesmo de grandes rios. Rios anteriormente navegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior do país, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigação desenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têm acelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% da área da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os Cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanus Kunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf, Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000 km² - uma área equivalente ao Estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1.1.4.3 Agro-industry
Detalhes Atualmentea base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado paracorte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente àsenchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem seexpandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP,têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração (IBGE, 1998). Em geral,a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionandodegradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios,queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens (BRASIL, 1997).Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislaçãoe à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitemque atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça,exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos(Mourão et. al., 2003). As atividades mineradoras, além de gerarem forte impactovisual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos d'água,contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificandoprocessos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem (Almeida et. al., 2003). Atualmente a base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado para corte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente às enchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem se expandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP, têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração. Em geral, a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionando degradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios, queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens. Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislação e à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitem que atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça, exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos. As atividades mineradoras, além de gerarem forte impacto visual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos d'água, contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificando processos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem. Esse processo de colonização aliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasoduto Brasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira. A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde se situam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruição dos habitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e da intensificação das inundações (Harris et al., 2005). Esse processo de colonizaçãoaliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasodutoBrasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira (Fonseca et al., 1995). A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde sesituam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruiçãodos habitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e daintensificação das inundações (Harris etal., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada "Extinta" (EX) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

4.4.3 Management
Observações: Espécie ocorre em unidades de conservação (SNUC): Parque Estadual Cristalino, no Estado do Mato Grosso (CNCFlora, 2011).

Referências

- Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2011.

- MATIAS, L.Q.; SOUZA, D.J.L. Alismataceae no estado do Ceará, Brasil., Rodriguésia, Rio de Janeiro, v.62, 2011.

- SAKURAGUI, C.M.; LOPES, R.C. Limnocharis laforesti in Limnocharis (Limnocharitaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB102841>.

- FERREIRA, L.V.; VENTICINQUE, E; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas., Estudos Avançados, São Paulo, Universidade de São Paulo, v.19, n.53, p.157-166, 2005.

- LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JR., T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil., Megadiversidade, p.139-146, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- HARRIS, M.B.; ARCANGELO, C.; PINTO, E.C.T. ET AL. Estimativas de perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro., Campo Grande, 2005.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, SÃO PAULO. SMA-SP. RESOLUçãO SMA N. 48 DE 2004. Lista oficial das espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção, Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 2004.

- POTT, V.J.; POTT, A. Dinâmica da vegetação aquática do Pantanal. In: THOMAZ, S.M.; BINI, L.M. Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. Maringá: EDUEM, p.145-163, 2003.

Como citar

CNCFlora. Limnocharis laforesti in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Limnocharis laforesti>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 06/08/2012 - 17:26:00